As cercas vivas eram um elemento comum em muitas zonas rurais na Europa antes da Segunda Guerra Mundial e da popularização do arame farpado. Uma antiga prática perdida com os tempos modernos a um custo alto. Nós não só perdemos o conhecimento sobre a implantação e manejo dessas cercas, mas também suas multifuncionalidades. Seu desaparecimento contribui de muitas maneiras para a degradação de ecossistemas.
As cercas vivas também foram nossa última conexão com um sistema florestal doméstico. Muitas delas contavam com várias espécies organizadas em estratos. Cada planta preenchendo uma lacuna no espaço e no tempo. Podemos nos perguntar quantas técnicas de poda e combinação de plantas esses antigos agricultoires conheciam, consórcios para forragem, frutas, quebra-ventos e assim por diante. Quando as cercas vivas foram cortadas para dar espaço à agricultura industrial moderna, foi cortado também um pedaço de nossa memória.
Ernst Götsch freqüentemente relata que quando criança assistiu ao desaparecimento de cercas vivas na Suíça, como resultado do Plano Marshall do pós-guerra para reconstruir a Europa (leia mais no texto do Ernst sobre culturas perenes). Juntamente com as cercas, inúmeras variedades de maçãs e pêras tradicionais também desapareceram.
Depois de assistir ao vídeo abaixo, alguns de vocês podem pensar que adicionamos muitas espécies ao nosso experimento. Para ser sincero, gostaria que tivéssemos mais. Nós ainda queremos incluir uvas nesse desenho. No entanto, a percepção do senso comum de que podemos ter “entulhado” nossas linhas de árvores expõe nossa falta de intimidade com o manejo de florestas biodiversas. Para nos lembrar como foi, citamos Plínio, o Velho, um antigo autor romano que viveu no primeiro século. Ele descreveu uma área no norte da Tunísia.
"À sombra da orgulhosa palmeira brota a oliveira, e sob a oliveira a figueira, sob a figueira a romãzeira, e sob esta a vinha, sob a vinha o trigo, depois as leguminosas, enfim as folhas: tudo isso no mesmo ano e todas estas plantas são alimentadas umas à sombra das outras." Plínio, o Velho (23 - 79 dC)