Uma das características da agricultura sintrópica é trabalhar com consórcios de plantas em alta diversidade e densidade. Desde o momento inicial do plantio busca-se criar agroecossistemas parecidos aos ecossistemas originais de cada local, tanto em sua forma, quanto em sua função e dinâmica. Por isso não há que se falar em rotação de culturas, mas sim em SUCESSÃO DE ESPÉCIES. Bem como não pode ser considerada apenas uma cultura, ou consórcios simples de 2, 3 ou 4 espécies pois, para recriar o MACRO-ORGANISMO, é necessário trabalhar, não raro, com mais de 30 espécies diferentes. Um sistema sintrópico completo EVOLUI NO TEMPO E NO ESPAÇO, transformando as condições de vida e levando o ambiente a um novo (e superior) patamar de fertilidade.
Como são compostos os consórcios completos da agricultura sintrópica?
A composição do consórcio de espécies de um plantio sintrópico leva em conta uma série de fatores que combinam preocupações de ordem prática, econômica e ecológica. Mas, fora essas que podem ser limitações circunstanciais de cada caso, o quebra-cabeças da composição de um consórcio biodiverso observa a sincronização desses 3 aspectos:
- ciclo de vida de cada espécie
- altura relativa dentro de cada ciclo dos consórcios
- passo da sucessão em que cada espécie se encaixa
1) Escolhendo as plantas
Orquestrar os consórcios ao longo do tempo permite o plantio adensado de uma alta diversidade de espécies. Cada planta mobiliza recursos e promove modificações que permitem o estabelecimento das plantas que irão ocupar o seu lugar futuramente. Na Agricultura Sintrópica nós definimos quais espécies serão plantadas considerando sua adequação às condições em que o ecossistema se encontra, sua função ecofisiológica, os objetivos produtivos e o seu tempo de vida.
De modo geral, todas as espécies passam por um processo de crescimento, amadurecimento, reprodução e senescência. O tempo desse ciclo varia conforme a espécie.
O manejo proposto pela Agricultura Sintrópica procura evitar a fase da senescência. Seja por meio das colheitas ou das podas.
Esse manejo favorece a permanência das espécies em uma curva ascendente de crescimento, rumo ao ótimo de seu desenvolvimento.
Com isso a informação de crescimento é passada quimicamente estimulando o crescimento de todas as plantas do sistema que ainda se beneficia das associações de micorrizas que "bebem" água da atmosfera. Ou seja, mais vigor, mais fotossíntese, mais água!
2) Plantio ao longo do tempo...
Escolher espécies com diferentes ciclos de vida nos permite plantá-las todas ao mesmo TEMPO, já que cada uma irá prosperar e se destacar no sistema em um momento distinto. Também escolhemos as espécies conforme suas necessidades e funções que irão realizar no sistema.
A composição do consórcio, portanto, tem conexão direta com o processo de sucessão. * Gráfico meramente ilustrativo, sem compromisso com precisão de tempo, haja visto que o período de placenta (até 2 anos) seria inferior ao das secundárias (80-100 anos) e climáxicas (250-300 anos)
3) ... e do espaço
Na Agricultura Sintrópica os consórcios são pensados ao longo do tempo (sucessão) e também ao longo do ESPAÇO, uma vez que são ocupados os diferentes estratos, assim como acontece em uma floresta.
A disposição em diversos andares funciona como um quebra-vento e faz com que haja influências positivas na dinâmica de formação das nuvens.
Sincronizando o crescimento em espaço tridimensional, o aproveitamento da terra é feito de maneira muito mais eficiente. Veja abaixo uma tabela ilustrativa com exemplos das categorias mencionadas.
*** resumo elaborado por: Ursula Arztmann, Dayana Andrade e Felipe Pasini ***